"Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que a fez tão importante"
(Antoine de Saint-Exupéry)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Os Sonhos Nada Cinzas


Acho que foi quando li “O Farol do Fim do Mundo” de Julio Verne, que começou minha paixão pela navegação, barcos, mares e afins...
E como amo o Mar,  sua transparência, calmaria...mas principalmente as tempestades que meus olhos avistam da praia, sempre ficava imaginando, viajando com as histórias vividas reais ou imaginárias.
O balanço furioso dos barcos ao mar, a navegação, a posição do sol, das estrelas, das bússolas e instrumentos...sempre com a linha do horizonte ao fundo, confundindo com seus tons de azul, o que é céu e o que é mar.
Os recursos, a tecnologia dão a garantia de chegada do navio em seu porto de destino.
A s tempestades podem, subitamente, se desencadear e o navio a lutar bravamente pelo seu direito de navegar na direção certa, podem fazê-lo adernar e navegar por horas na vertical, podem causar pânico ou euforia...depende do nosso estado de espírito...
O nevoeiro espesso do mar pode retardar a marcha e desviar o navio da rota, causar panes.
O vento forte e outras tantas condições que estão em constante mutação são mais ou menos inesperadas, devendo o comandante estar sempre preparado para enfrentá-las, tirar vantagens.  A vida não é exatamente assim? Mas tanto na navegação quanto na vida, deve-se saber que o nevoeiro não é eterno. E Julio Verne descrevia tudo isso com maestria em seus livros.
Como seres humanos que somos, comandantes de nosso próprio navio, estamos tentando seguir o curso da vida em direção a uma meta definida, um porto, um cais com cordas e segurança, mas nem sempre rumamos pra isso.
Eu confesso que adoro seguir sem destino, a espera dos dias que virão...um barco está seguro em seu porto, mas não foi para isso que ele foi construído.
E como sonhadora e perseguidora de sonhos que sou, já visitei e vi com meus próprios olhos o tal farol...revivi, toda a história, sem contar na paisagem fantástica da cidade de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e da Cordilheira dos Andes, mas pra chegar no farol passa-se por estreitos golfos e ilhotas cercados de animais marinhos patagônicos.



Olhar o horizonte e apreciar a beleza.
Viajar mexe com os brios da gente, nos faz enxergar a beleza do mundo, das culturas, faz abrirmos os olhos e deixar a luz entrar, faz com que as imagens do velho mundo caiam ao chão, balancem ao mar...se percam entre a procura e o encontro.


Não há somente um oceano a navegar, um caminho a trilhar, o importante é deixar-se partir, chegar, seguir por trilhas diferentes muitas vezes num mesmo lugar.
Não foi sentada que esperei que meu coração encontrasse algum sossego. Doses de paciência e dor, fizeram com que ele se acalmasse deixando assim minha alma levemente a deriva.
Viver simplesmente é um querer.
Sob um céu azul com nuvens cor-de-rosa num dia cinza.
Sou do tipo de gente que tem coragem e tem medo sim, que vive, que chora, que sorri....
Que quer mudar tudo...e ao mesmo tempo que faria tudo de novo se começasse do zero novamente.
Essa sou eu. Esse é meu barco, meu porto,  minha vida!!!

 


"Eu tenho uma espécie de dever, de dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que uma espectadora de mim mesma,
Eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho entre
luzes brandas e músicas invisíveis. "
(Livro do Desassossego - Fernando Pessoa)

Um comentário:

  1. Posso ver seu barco, suas velas içadas, seu porto e seus mares.Afinal "Navergar é preciso" e você sabe disso, faz isso com sua embarcação, convida, navega, dias de sol, dias de chuva, sua vida é clara e linda, amando o cinza, um ser latente.

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