"Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que a fez tão importante"
(Antoine de Saint-Exupéry)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O Dia Cinza

“Há momentos em que tudo cansa, até o que nos repousaria.”
 Como disse Fernando Pessoa...

Eu e Ana em 20/02/2011

Tem dias em que acordo diferente, sentimentos difíceis de explicar, com vontade de gritar ao mundo que nem tudo é o que parece...mas logo percebo que gosto mesmo é do silêncio,  porque ele me permite escutar sem medo o que diz meu coração. 
Fico pensando na órbita da terra, no meu pulmão enchendo de ar, no contorno milimetricamente perfeito do sol, da terra, de cada estrela e de seu brilho singular.
E pequenos momentos de imensa ternura, amor, amenizam os sentimentos de indignação, tristeza, decepção.

Acho que toda essa perfeição vem de Deus, e acho que é dessa maneira que ele promove os encontros entre as pessoas.
É como se nos harmonizássemos com o Universo, e essa intensidade inexplicável nos faz encontrar com pessoas incomparáveis, únicas, belas, outras que nos fazem pensar, exercer a paciência.

Pessoas especiais estão ao nosso lado mesmo quando os ventos do destino nos tiram do eixo, nos paralisam, elas seguram nossa mão, olham em nossos olhos e nos fazem entender que o caminho tem que ser seguido, nos ouvem, nos acolhem.

Cabe a gente escolher todos os dias se viveremos os sonhos dos que se foram, se viveremos por amor, se seguiremos os caminhos  ou se nos deixaremos morrer, deixando os sonhos se perderem, decidindo se lutaremos ou não por nossos ideais, se vale a pena discutir uma idéia, uma maneira de pensar e de enxergar o mundo.
Acredito que existem palavras que não precisam ser ditas, elas instintivamente serão sentidas, se não pelo cérebro mas pelo coração, pelos olhos. Basta ter sensibilidade e sentimento. 
Os olhos sempre falam... pode ser em meio a turbilhões de sensações....espremidos entre a dor da tortura e do amor que liberta. São eles as janelas da alma, a emoção, o brilho, a tristeza....sentem os desejos que despertam, os segredos que cultuam, os gestos, as verdades escondidas, penetram nos sonhos, amenizam os medos, vêem as cores e os diferentes tons muitas vezes não percebidos.
Os meus sonhos, quero-os livres.
Quero simplesmente sonhar.
O meu céu já foi cinza por muito tempo, hoje vejo frestas de sol, fascinantes nuvens carregadas de chuvas, ventos, raios e trovões, hoje me sinto mais forte e corajosa pro mundo...e se precisar viro um leão pra defender minha cria, meus pensamentos, as pessoas que amo...

"As coisas sonhadas só têm o lado de cá...
Não se lhes pode ver o outro lado...
Não se pode andar à roda delas...
O mal das coisas da vida é que as podemos ir olhando por todos os lados...
As coisas de sonho só têm o lado que vemos... Têm amores só puros, como as nossas almas." (Fernando Pessoa)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Síndrome de Asperger

                                                                       
Hoje vou falar sobre o livro que terminei de ler...o título e a foto da capa do livro chamam atenção logo de início: OLHE NOS MEUS OLHOS...uma narrativa real de uma pessoa com a quase desconhecida, pelo menos para mim, síndrome de Asperger...conheci o livro através de uma amiga que admiro, que conhece muito de perto tudo isso, que convive com o filho com asperger e sempre tenta mostrar que é possível sim, ver tudo com outros olhos. Foi o que aconteceu comigo após ler o livro.
O livro é descrito pelo próprio John, que escolheu esse título por que foi a frase que mais ouviu a infância inteira...asperger é um tipo de autismo, mas ao mesmo tempo a história da vida de John é tão fascinante que faz pensar, faz a gente abrir de verdade os olhos sobre pessoas ditas "especiais".
Ele tinha pais problemáticos, inteligentes, mas talvez com algum distúrbio mais sério apesar de o pai ser professor universitário, e a mãe constantemente alcoolizada, mesmo tendo o dom da escrita...nunca tentaram entender ou ajudar o seu filho “diferente”. Com o nascimento do irmão, as coisas deveriam ter ficado mais evidentes para os pais, mas eles não reparavam ou não sabiam lidar com a situação...John criava planos mirabolantes, escondia o pequeno irmão dizendo que um amigo o tinha levado embora, criava esconderijos e fazia o irmão confirmar todas as suas "estórias", chegou a criar bombas caseiras e a incendiar a própria casa...Num trecho do prefácio o irmão de John explica como foi sua infância com ele:
“Ele moldou minha infância. Primeiro ensinou-me a andar. Depois, armado com pedaços de pau e cobras mortas, me perseguiu e ensinou-me a correr. Eu o amava e o odiava com a mesma intensidade.”
Quando seus pais se separaram ele aventura-se em situações e trabalhos surreais. Como sempre teve habilidades com equipamentos eletrônicos e mecânicos, envolve-se com bandas musicais como Pink Floyd, Iron Maiden e passa a fazer parte da equipe de efeitos especiais da Banda KISS.
Ele revela no decorrer do livro, que os anos de revolta contribuiram pra o autoconhecimentos de suas necessidades de "fazer parte do mundo" de se "integrar as pessoas".
Foi realmente diagnosticado Asperger aos 40 anos de idade, sendo que na sua infância essa doença era totalmente desconhecida ainda, mas foi a sua forma particular de ver o mundo que moldou sua vida, e que o fez aprender a enxergar o nosso. Um relato sincero, e profundamente humano...
 "O mundo precisa saber que existem enormes diferenças de comportamento humano. As pessoas estão muito dispostas a descartar alguém que não responde como elas gostariam."  John Elder

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Feliz Aniversário meu Amor!!!





 Hoje minhas palavras são todas pra ele, que nos próximos dias estará completando mais 01 ano, mais um aniversário...
Já fizemos muita coisa juntos, já fomos ao fim do mundo, ao fundo do poço, e muito mais alto do que podíamos imaginar...Muitas tempestades, ventanias, chuvas devastadoras ou de verão...e estamos aqui...juntos...
Acho que de todos os sonhos que sonhamos juntos o mais belo, mais emocionante, alado e grandioso é ver nossa filha crescer, ver naqueles olhinhos a felicidade estampada.


 Mais um ano de vida, que Deus o abençoe, que você tenha sempre esse sorriso no rosto, essa máscara germânica que não engana ninguém, esse coração bom, esse amor pela vida, pelas pessoas e a certeza que a beleza da vida é viver um dia de cada vez.
Você é a pessoa mais especial que conheço...é como um raio de sol que vêm descendo, iluminando o que de bom a gente ainda sonha fazer.
Como uma canção suave que ouço em silencio, ou no último volume, é fonte de energia e proteção.



Passado/Presente/Futuro...planos, desejos, vontades, sorrisos, lágrimas, carinho, amor...
Você transforma o cinza na mais cromática das cores...você observa a chuva, o nascer do sol, a lua surgindo no horizonte...tudo pra me mostrar e ver em meus olhos o encantamento...

Amo você! Assim...hoje e sempre!
FELIZ ANIVERSÁRIO!!! Saúde, Paz, Felicidades e tudo o que vc mais gosta e ama!!!




"Voe livre e feliz além de aniversários e através do sempre. Haveremos de nos encontrar outra vez, sempre que desejarmos, no meio da única comemoração que não pode jamais terminar."
(Richard Bach)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Eu já fiz...


Eu ...
Já escrevi muito e depois joguei muita coisa fora
Plantei e abracei uma árvore
Conheci amigos virtuais que se tornaram bem reais
Já dancei, bebi e ri até não poder mais numa rua de Puerto Varas com o Vulcão Osorno ao fundo aplaudindo
Fui ao Pantanal, e vi o céu mais estrelado que você possa imaginar
Já escrevi lindas palavras pra um ser que havia nascido naquele dia numa caixa de bombons que ela guarda até hoje.
Chorei ao ver de perto a magnitude da Patagônia e suas geleiras e brindei com uísque de alguns anos e gelo milenar
Já encontrei caminhos perdidos no meio das pedras
Vi o sol nascer na praia e achei que foi o espetáculo mais incrível que existe
Já vi minha barriga crescer e me encantei por saber que estava gerando uma vida
Quando vi os olhinhos do meu bebê encontrarem os meus pela primeira vez, senti que nunca mais seria a mesma pessoa
Já tomei muuuitos banhos de chuva e percebi que esse prazer é hereditário, talvez esteja na genética dos seres humanos que os apreciam
Mandei cartões postais até do Fin del Mundo...
Já viajei de ônibus, trem, navio, avião....mas a maior viagem sempre está dentro de nossos devaneios e lembranças
Eu já chorei de felicidade, de raiva, de pena, de dor, de saudade e de tanto rir. 
Já senti medo do desconhecido, das mudanças, do dia de amanhã
Já abracei com muito amor um amigo quando nada do que eu fizesse ou falasse pudesse adiantar
Senti saudade até o limite do imaginável...

Tenho amigos que são  meus amigos há mais de 30 anos...

Eu já caí, fiquei no chão e tive mãos estendidas que me ajudaram a levantar e seguir meu caminho 
Já me quebrei inteira e levei um tempo pra juntar os cacos, montar de novo meus próprios fragmentos
E hoje só o que quero é: Saúde, Família, Amigos, Ver minha Filha crescer Feliz, Meu Amor, Chuva, Mar, Terra, Experimentar, Pintar, Transgredir. Reinventar, Amar, Errar, Aprender, Dançar, Educar, Viajar, Encantar, Trabalhar, Pessoas que amo pra sempre por perto...
Será que esqueci algo???

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Domingo de Chuva!


O nascer da tempestade foi na tarde de ontem, um domingo cheio de risadas e gritinhos de crianças brincando e comemorando felizes o aniversário e uma amiguinha.
Depois de uma trovoada forte a chuva veio, e persistiu...hoje em meu jardim, chove a minha chuva, e também chove chuva de verdade...
A ventania que veio e espalhou tudo no ar no início da tempestade passou, mas uma força natural explodia em mim, raios e trovões internos,  e o que sobrou foram meus pensamentos, eu contando ao vento quase brisa o que sobrou das flores, das folhas, dos pedaços de mim, que dançam em um baile particular, junto com a chuva forte que bateu nas janelas, meus pés e minha alma pedem pra eu caminhar na chuva...os fragmentos de felicidade sem fim, ao lado dela, ao lado dele...e ela pede...ainda mais agora que ganhou uma capa de chuva de joaninha...logo ela, a joaninha, que sempre me acompanhou se fazendo presente e me dizendo que ele estava presente.




Olhando o céu hoje, busquei por ventos que varressem minhas amargas lembranças, mas me aquietei, parei, vi somente a chuva caindo lentamente, as pessoas passando apressadas com seus guarda-chuvas coloridos, alheias a beleza do dia, do cinza, da chuva.
Meu coração está em silêncio,  naqueles dias que sentimos um vago aperto no peito e que não sabemos exatamente o que é. Em dias assim procuramos sentimentos, momentos, lembranças. Procuramos a chave que nos liberte para voar, para simplesmente viver, com mais sorrisos e menos rugas de preocupação.
As vezes a nossa alma é como uma colcha de retalhos, temos que ajustá-los, costurá-los, encontrar cada peça que se adapte a outra e isso nos traz um turbilhão de sensações.  O Sim, o Não, o Medo,  a Alegria, a Paz, a Vontade de ser completamente feliz...utopia? Creio que sim. Só sente Saudades quem viveu, e quem viveu e sente saudades nunca mais é completamente feliz.
A felicidade é sempre um fragmento da colcha, sempre aos pedaços, sempre de momentos.

Fotos: Parador da Montanha - Rio dos Cedros/SC


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Os Sonhos Nada Cinzas


Acho que foi quando li “O Farol do Fim do Mundo” de Julio Verne, que começou minha paixão pela navegação, barcos, mares e afins...
E como amo o Mar,  sua transparência, calmaria...mas principalmente as tempestades que meus olhos avistam da praia, sempre ficava imaginando, viajando com as histórias vividas reais ou imaginárias.
O balanço furioso dos barcos ao mar, a navegação, a posição do sol, das estrelas, das bússolas e instrumentos...sempre com a linha do horizonte ao fundo, confundindo com seus tons de azul, o que é céu e o que é mar.
Os recursos, a tecnologia dão a garantia de chegada do navio em seu porto de destino.
A s tempestades podem, subitamente, se desencadear e o navio a lutar bravamente pelo seu direito de navegar na direção certa, podem fazê-lo adernar e navegar por horas na vertical, podem causar pânico ou euforia...depende do nosso estado de espírito...
O nevoeiro espesso do mar pode retardar a marcha e desviar o navio da rota, causar panes.
O vento forte e outras tantas condições que estão em constante mutação são mais ou menos inesperadas, devendo o comandante estar sempre preparado para enfrentá-las, tirar vantagens.  A vida não é exatamente assim? Mas tanto na navegação quanto na vida, deve-se saber que o nevoeiro não é eterno. E Julio Verne descrevia tudo isso com maestria em seus livros.
Como seres humanos que somos, comandantes de nosso próprio navio, estamos tentando seguir o curso da vida em direção a uma meta definida, um porto, um cais com cordas e segurança, mas nem sempre rumamos pra isso.
Eu confesso que adoro seguir sem destino, a espera dos dias que virão...um barco está seguro em seu porto, mas não foi para isso que ele foi construído.
E como sonhadora e perseguidora de sonhos que sou, já visitei e vi com meus próprios olhos o tal farol...revivi, toda a história, sem contar na paisagem fantástica da cidade de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e da Cordilheira dos Andes, mas pra chegar no farol passa-se por estreitos golfos e ilhotas cercados de animais marinhos patagônicos.



Olhar o horizonte e apreciar a beleza.
Viajar mexe com os brios da gente, nos faz enxergar a beleza do mundo, das culturas, faz abrirmos os olhos e deixar a luz entrar, faz com que as imagens do velho mundo caiam ao chão, balancem ao mar...se percam entre a procura e o encontro.


Não há somente um oceano a navegar, um caminho a trilhar, o importante é deixar-se partir, chegar, seguir por trilhas diferentes muitas vezes num mesmo lugar.
Não foi sentada que esperei que meu coração encontrasse algum sossego. Doses de paciência e dor, fizeram com que ele se acalmasse deixando assim minha alma levemente a deriva.
Viver simplesmente é um querer.
Sob um céu azul com nuvens cor-de-rosa num dia cinza.
Sou do tipo de gente que tem coragem e tem medo sim, que vive, que chora, que sorri....
Que quer mudar tudo...e ao mesmo tempo que faria tudo de novo se começasse do zero novamente.
Essa sou eu. Esse é meu barco, meu porto,  minha vida!!!

 


"Eu tenho uma espécie de dever, de dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que uma espectadora de mim mesma,
Eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho entre
luzes brandas e músicas invisíveis. "
(Livro do Desassossego - Fernando Pessoa)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Chuva em Ciclos

Mais uma semana, um mês....já não estamos mais em Janeiro, já ficou pra trás o Natal de 2010, 2009, 2008 e...2007 que agora virará lembrança, nostalgia, fotografias eternizadas. E o ciclo se reinicia, mais uma etapa.
Ontem, a tarde já de fevereiro acabou mais cedo, notava que iria chover. Os sinais naturais estavam todos lá: o vento, o cheiro da terra, as nuvens que se reposicionavam, pesadas, escuras.

Eu gosto de raios e trovões, gosto da chuva no final de um dia de calor. 
A água seguia seu rumo nas ruas, levando consigo toda a poeira acumulada, não seguia caminhos traçados apenas ia de encontro ao seu destino...
Existe ao muito especial em caminhar na chuva...em sentir a água molhando seu corpo, te dando uma sensação de prazer e liberdade.

E ontem foi o dia de arrumar as gavetas, de rever o que realmente é necessário, o que precisamos pra viver...ver novamente aquele sonho cor de rosa e lilás vazio...só o branco dos móveis...dar lugar ao novo, a vida que segue...o apego pelo que vi, vivi, senti...lágrimas ao ver o berço totalmente vazio...sem colchão, sem as bonequinhas...a muito sem mosqueteiro...cadê o meu bebê? Como assim ela tá crescendo e precisa de uma cama, de um quarto novo???
Ainda ontem dependia da gente pra tudo...nem vai tão longe aquela tarde de raios, trovões e depois a chuva anunciando a emoção indescritível de seu nascimento....
Vive quem chora junto com a chuva, depois disfarça e silencia, sorri e vê que lavou a alma. Quem está viva pra viver tudo isso.


Os ventos das mudanças sopram rápidos e necessários, o que posso dizer é que há muitos ventos que não voei, que não soprei junto... apenas os senti passando por mim, balançando meus cabelos... e outros vivi com tamanha intensidade de sentimentos que parece que ainda não passaram, ou que me reinventaram e hoje fazem parte de mim. De meus devaneios e ventanias.
Um novo capítulo.
Palavras e mais palavras.
Olhar o horizonte e seguir em frente...mesmo que o olhar muitas vezes se perca no passado, o mais real é a felicidade do presente e a esperança do futuro. Vou esperar mais um dia de chuva.
Mas meu coração ficou um pouco na história daquele espaço, daqueles dias de espera, passeou por todos os momentos de alegria indescritível, medo, emoção, apreensão, tristeza, e muito amor...Cresça minha menina...voe livre e feliz...você nasceu pro mundo!!!!!
Com todo o meu amor...Amo-te!





sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Depois da Tempestade!


Depois das grandes tempestades em nossas vidas, quando por vários dias, meses ou até anos, nosso céu fica cinza e nossa vida sem cor, ao invés da bonança as vezes costumamos fechar a alma para balanço, até dizemos estar disponíveis ao diálogo, mas bem no fundo do nosso coração colocamos uma porta, e esta porta fica tão trancada que, se nós mesmos não a abrirmos, tornar-se-á quase que intransponível. E isso as vezes demora muito tempo, como se nossa casa tivesse sido saqueada e o medo de que fosse arrombada de novo não nos deixasse viver sossegados, como se não fossemos merecedores de paz ou felicidade.
Visitantes cadastrados até poderiam chegar ao jardim, no portão, no elevador... Mas passar da soleira, passar pelo “Bem Vindo” ou “Aqui mora gente Feliz”...quem disse?
E ficamos tantas vezes nos perguntando o porque que não deixamos ninguém se aproximar muito de nós quando sofremos uma grande perda? Um grande decepção? Uma grande dor? Deveríamos nessas horas dar mais espaço para que todos nos visitem, deveríamos abrir o coração, ao sofrimento, as lágrimas, a dor. Fingimos não enxergar o letreiro luminoso de "passagem proibida" ou os cadeados enormes que colocamos nos portões e nos muros que erguemos ao redor de nós.
Mas, só as pessoas sensíveis enxergam esse bloqueio, e são geralmente elas que não insistem, que dão tempo ao tempo...mas deixam sempre claro que estão ali...as não tão persistentes se afastam.
Mas aquelas com quem temos afinidade e cumplicidade, aqueles sentimentos do fundo da alma, aquelas que conseguem invadir nossa fortaleza, nossos segredos, chegam até o lugar em que guardamos nossas mágoas, nossas dores, chegam a tocar fundo em nosso coração.
Embora digamos sempre o contrário e saibamos que a falta das amarras num porto onde poderemos atracar quando estamos à deriva pode constituir uma bela teoria de liberdade, precisamos desses seres. Precisamos ficar a deriva...mas precisamos saber que temos as cordas, a ajuda ao nosso alcance, mas barcos, portos, cais e afins fica pra próxima...
Temos o poder de escolher nossos amores, trabalho e amigos, sempre achamos que fizemos as melhores escolhas. As vezes temos até alguns "inimigos" e, entre os nossos conhecidos, pessoas incompatíveis conosco, as quais não temos a mínima afinidade, são eles que nos ajudam a exercer a nossa paciência, a superar os nossos limites, a crescer como pessoas, nem que seja para que lhes mostremos do que e o quanto somos capazes.
Precisamos ter histórias para contar a nossos filhos, sejam elas com finais tristes ou felizes.
Precisamos passar por experiências que nem sempre são gratificantes, pois uma existência passada em brancas nuvens é uma existência sem frutos, sem amadurecimento.
Mas são explicações que talvez nós leigos, não consigamos facilmente entender.
A única coisa que podemos arriscar, é que nada acontece por acaso e que a vida pulsa em cada esquina...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Perfume de Mulher

É muito bom voltar a escrever ...e hoje ainda sinto a nostalgia de antes, de outras épocas...sim, já escrevi sobre o filme Perfume de Mulher, mas até hoje é um de meus preferidos, porque continuo realmente acreditando que em um momento se vive uma vida...e que ela é feita de fragmentos de tudo o que somos, de passado, de futuro, de alegrias, tristezas, sonhos...é um mosaico de nossos próprios estilhaços.

No filme, há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela responde:
- "Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos..."
Responde ele:
- "MAS EM UM MOMENTO SE VIVE UMA VIDA" conduzindo-a num passo de tango.

E esta pequena cena é o momento mais emocionante do filme, esses momentos de felicidade, são os fragmentos que juntos formam os inesquecíveis dias felizes. Os pequenos momentos de imensa ternura amenizando o sentimento de saudade sempre pulsante, a vontade de simplesmente se libertar e sonhar.
Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só o alcançam quando são obrigadas a parar, a pensar, quando ficam doentes, quando sofrem perdas gigantes.
Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe, o futuro irremediavelmente chegará...
E tem os dias em que acordamos diferentes, com indícios de sentimentos que nem sabemos explicar.
Tempo todo mundo tem, por igual, mas as vezes há a procura pela chave, pela esperança de poder respirar aliviada novamente, de ver as cores, enxergar as pequenas coisas, os breves alívios, os sorrisos.Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é como cada um ocupa o seu tempo.
"A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro". (John Lennon)