Tem dias que acordo com um aperto no peito, dias de apreensão, de sentimentos desencontrados, indícios de situações que não sei quais são, mas sei que sinto a sensação de coisas presas misteriosamente dentro de mim, de palavras não ditas, de frases não escritas, um coração que lateja, ecoa sonhos e melodias nunca ouvidas, vontade de pintar o mundo de azul, de voltar a ser criança, de poder voltar e fazer diferente algumas coisas do passado.
São dias que não posso ficar sentada esperando meu coração encontrar sossego. Em dias assim aprendi o significado real da palavra paciência, viver sem preocupações é uma utopia.
Entre a vontade que liberta existem as obrigações que escravizam, hoje poderia ser somente um dia de chuva comum, com raios e trovões, mas a mente brilha, o sol também, a alma viaja por lugares já vistos ou não, a luz...a ânsia de fazer tantas coisas, e várias são sacrificadas todos os dias.
Sou do tipo de gente que tem coragem, mas que também tem medo sim... medo de perder o que não se pode controlar.
Queria ver minha vida do alto, do avesso, de tras pra frente, num dia de chuva e me surpreender e me encantar com esses novos ângulos.
O inverno está chegando, e com ele todo o encantamento da estação, queria estar maravilhada com os primeiros dias de outono, ver as folhas que indiferentes a estações ou efeito estufa continuam caindo displicentemente das árvores.
Faz tanto tempo que não vejo a joaninha que me visitava constantemente, toda exibida e diferente, suas cores não eram as tradicionais, parecia que ela sempre estava em dia de festa, e ela deixava sempre ainda mais coloridas minhas flores. Cada vez que ela aparecia relembrava-me a infância, o perfume das flores daquela época. Ela nunca tinha medo, nunca batia as asas ou ia embora com a minha presença, fazendo com que eu imaginasse mil significados e enigmas. Uma amiga quis catalogá-la, deixá-la exposta num museu...isso é que não, deu-me o nome científico dela: Diabrótica Speciosa, Família Chrysomelidae...como ela poderia ter um nome tão feio? Como alguém teve essa coragem?
Talvez seja esse o motivo da melancolia...lá eu tinha contato todos os dias com o mundo lá fora...não eram só papéis, números, computadores e pessoas, paredes imaculadamente claras, florescentes iluminando...parece que os dias era maiores, tinha o meu jardim, minha hora do almoço com direito a ar puro, joaninhas e meu gato Pingo, companheiro de 17 anos...
Lá eu tinha vizinhos, sentia o cheiro de café e de alguém fritando bananas ou bolinhos no meio da tarde.
Lá...eu era mais feliz...
Hoje, aqui, preciso urgentemente de férias.
"Cada dia traz sua alegria e sua pena, e também sua lição proveitosa"
José Saramago
Ando assim, querendo receber carta, bordar, fazer capas de cadernos de tecidos, talvez queremos o que não temos mais, ou o que não podemos ser nesse momento.
ResponderExcluirE tem algo guardado no seu coração. Tem algo flutuando nas suas asas de borboletas...
E os dias passam apressados, e as pessoas vão e vêm, e alguns desejos ficam guardados... Hoje vou tentar fazer biscoito de manteiga, bolo de fubá e café quente. Pensarei em você.
Oi...Só passei pra dizer que eu adoro seu blog e o leio sempre....
ResponderExcluirEu também fico em melancolia para saber: como fazer meu dia maior? ou como "Lá" na minha infância os dias eram "enormes"?!!!
Deixa prá lá....acho que não temos respostas para esse perguntinha.
beijos