"Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que a fez tão importante"
(Antoine de Saint-Exupéry)

quarta-feira, 30 de março de 2011

Chuva/Cinza/Neruda

                                           
Hoje o dia está cinza, as nuvens e a brisa leve anunciam a chegada do outono.
Sempre gostei de observar a  natureza, os fenômenos naturais, a vida que pulsa.
As mudanças de temperatura, tempestades, Maremotos, Ventos  e tudo vai ficando pra trás.
Vai mudando. Acalmando.
A calmaria é diferente,  muitas vezes parecida com aquela que antecede as tempestades.
Olhares perdidos e despretensiosos.
Os pensamentos nem sempre nos permitem ver os contornos, as interrogações, só enxergam as idéias que criam e as angústias que alimentam.
Raios e trovões como tudo na vida não duram pra sempre, e o olho do furacão vai perdendo a forma, sendo varrido pelo vento.
Passado.
Presente.
Futuro: Nunca pensei tanto nele como agora. Tenho a obrigação de ficar por aqui, de vê-la crescer leve  como as asas de uma borboleta, livre como a chuva e feliz como o seu sorriso.
Ontem, a noite foi de recolocar os pensamentos em ordem, reavaliar .
Pequenos pingos de chuva caem constantemente na terra encharcada desde ontem.
Voltei a ler Neruda. Confesso que Vivi. A chuva sempre foi uma presença marcante e constante em seus livros e sua vida...na minha também.
Cada vez que pego esse livro nas mãos parece que o ângulo de entendimento do mesmo muda, parece que fica ainda mais real, mais dentro do meu contexto de viver e sentir.
Também quero confessar um dia que vivi tudo o que tinha pra viver.
Neruda escreveu essa sua biografia 50 anos depois do primeiro livro publicado.
A busca pela imortalidade nas palavras escritas, sua paixão pela natureza, e eu cada vez me encanto mais com sua paixão pela vida.
Então: Hoje é dia de viver o hoje.
De olhar nos olhos e ver o brilho da chuva.
E a vida segue seu curso finalmente com mais tranqüilidade. 
Como deve ser.
“Talvez não tenha vivido em mim mesmo, talvez tenha vivido a vida dos outros.
Do que deixei escrito nestas páginas se desprenderão sempre – como nos arvoredos de outono e como no tempo das vinhas – as folhas amarelas que vão morrer e as uvas que reviverão no vinho sagrado.
Minha vida é uma vida feita de todas as vidas: as vidas do poeta.”
(Confesso que Vivi - Pablo Neruda)

Foto: Placa na Universidade Livre do Meio Ambiente - Curitiba

Um comentário:

  1. Em Santiago me apaixonei por Neruda. Por sua história de vida, por suas casas, por seus poemas... E minha vida encheu-se de poesia!

    Bjs!

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Pingos de Chuva