"Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que a fez tão importante"
(Antoine de Saint-Exupéry)

domingo, 10 de abril de 2011

O Outono e as Folhas Secas do Passado

                                                                                  
                                  Foto: Ana Clara e as Folhas Secas do Outono de 2011...

E os dias de frio estão chegando...e são sem dúvida, dias lindos, com o sol brilhando com toda a sua intensidade quase sempre num céu sem nuvens.
Lembram a infância,  quando nos limitavam os movimentos a quantidade de roupas, gorros, cachecóis, lãs...
Bolinhos de banana, café com leite quentinho..pra esquentar o coração como dizia meu avô.
Nada parecido com todo aquele temporal ameaçador e lindo dessa semana, todo aquele gelo batendo com força nas vidraças e estilhaçando algumas delas, molhando a sala, lavando e energizando todo o ambiente. Algumas telhas voando pelos ares como folhas secas.
O dia virou noite, e só se via o branco do gelo no chão quando os relâmpagos iluminavam...o vento assustador paralisava.
E a chuva veio, alagou ruas, derrubou árvores, fez estragos...lavou a alma, as janelas, e meu jardim todo florido ficou sem flores e nem sequer folhas...
Os dias de chuva têm sempre uma atmosfera particular. Eles dão a qualquer acontecimento uma dose de mistério, de encantamento. Acredito que a chuva junto com o vento tenha o poder de libertação para nossos pensamentos.
Em dias assim tenho vontade de sair na chuva, de sentir os pingos, pisar na grama e sentir o pé encharcar, voltar para o lugar de onde tudo começou, voltar a ser eu mesma, na essência, na alma, na doçura e ingenuidade da criança que fui.
De viver um sonho com todo o sentimento dos sons, cheiros e cores do passado, as lembranças vivas na memória, e ao mesmo tempo que esteja sonhando a mente esteja bem acordada pra reviver tudo...

Vontade comer aquele pão ainda quente com a margarina derretendo .
De voltar a lugares fantásticos onde já estive... Sei que preciso do cinza, preciso da neve, do frio, das nuances de cores patagônicas, preciso voltar lá pra saber se realmente foi tudo real o que vi e vivi.
Vontade de sair caminhando sob esse céu estrelado, essa lua linda e amarelada que hoje estampou o céu mais lindo dos últimos dias. Ela anuncia a chegada de uma vida.
Quando criança eu sempre achei que conseguiria contar todas as estrelas do céu, e que um dia embarcaria num foguete para visitar algumas delas...
Pois é...acho que é o outono que faz isso comigo...as lembranças chegam, invadem meus pensamentos, e em silêncio contemplo e agradeço a vida...


                                            Céu da minha janela hoje no final da tarde.
"...Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
(Cecília Meireles)

Um comentário:

  1. Boa tarde... ao passar por essa pagina, não pude me furtar de ler este belíssimo texto... me fez viajar ao passado que já mais quero esquecer... (estava apenas navegando pelo Google, a procura de uma imagem para uma coletânea de poemas que estou fazendo com o titulo: ”As folhas do outono passado e as utopias de um poeta”, mas, eu acabei. não selecionando a opção imagens e me vi em seu belo blog... parabéns por tudo que tens aqui... mi visite quando der. Grande abraço

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Pingos de Chuva